Cuidar da Mente Sem Sair de Casa: As Vantagens da Psicoterapia Online


Iniciar um processo psicoterapêutico é um momento crucial na vida de quem decide fazê-lo. Essa decisão é, muitas vezes, o culminar de um longo processo de maturação interior, no qual a pessoa percebe que já não é possível continuar a resguardar um sofrimento que se tornou maior do que a capacidade de o suportar em silêncio.

Certamente, antes de chegar a este ponto, foram tentadas várias soluções para aliviar os sintomas. Recorreu-se ao apoio de amigos, a pesquisas na internet, a livros de autoajuda, a conselhos de “gurus” online, a mezinhas ou até a técnicas ensinadas em cursos digitais de diferentes preços. Por vezes parece, que encontramos a estratégia certa, o método certo, aquela solução milagrosa que devolve um sorriso que julgávamos perdido dentro de nós. É a sensação de um recomeço, acompanhada de um certo autocontrolo que devolve confiança e autorrespeito.

Mas, de repente, os sintomas voltam a surgir, para nossa surpresa e desgosto. “Como é possível, se estava tudo a correr tão bem?” — perguntamo-nos. Sem respostas satisfatórias, o mal-estar agrava-se e rapidamente sentimos o impacto do “comboio” da frustração e da tristeza. Escondemos a vergonha da forma que conseguimos, disfarçamos a impotência e, não raras vezes, assumimos modos de ser que não correspondem à nossa essência. Nessas contradições entre o que sentimos e o que mostramos ao mundo, voltamos a procurar saídas.

Desta vez, porém, sabemos que precisamos de recorrer a um espaço que sempre evitámos: a psicoterapia. Sabemos também que é uma experiência que vai tocar onde mais dói — precisamente o que queríamos evitar. Mas, quando já não resta outra solução senão enfrentar os nossos maiores medos, chega o momento de procurar um psicoterapeuta/psicólogo.

E como escolhemos? Às vezes pedindo recomendações a alguém de confiança, outras vezes pesquisando online os diferentes modelos psicoterapêuticos, ou explorando perfis em redes sociais. Hoje em dia, a oferta é vasta e a informação dispersa, o que permite uma escolha mais ou menos informada.

Contudo, é importante desfazer um equívoco comum: fazer psicoterapia não é adquirir “pacotes” de 4, 6 ou 12 sessões. Embora existam modelos de curta duração com eficácia comprovada, a maioria dos processos exige tempo, disponibilidade emocional e também investimento financeiro. Como o próprio nome indica, trata-se de um processo: algo que se constrói, que evolui, que se redescobre e que se reajusta sempre que necessário.

Um processo psicoterapêutico é, antes de mais, um compromisso da pessoa consigo própria e com os objetivos que definiu. Esse compromisso exige a criação de um espaço sagrado na vida do cliente — um dia e uma hora em que sabe que algo único e genuíno vai acontecer, e que nada deve sobrepor-se a esse momento. É neste compromisso que nasce um dos fatores mais decisivos para o sucesso terapêutico. O outro fator fundamental é a aliança terapêutica entre cliente e terapeuta. Estes dois elementos — compromisso e aliança — são mais poderosos do que qualquer modelo ou técnica. Podemos ter o terapeuta mais bem formado e o método mais validado pela ciência; mas se a relação terapêutica não for forte ou se o compromisso do cliente não é total, então o processo corre sério risco de falhar.

Mas voltemos ao processo de escolha da terapia. Antes da era das videoconferências, o simples facto de ir ao consultório já fazia parte do processo terapêutico. O tempo de deslocação e de espera era também um espaço mental de preparação, reflexão e integração. Hoje, vivemos em ritmos mais acelerados e em espaços mais curtos; a tecnologia veio facilitar, mas também trouxe a sensação constante de estarmos em falta com algo.

E é nesse contexto que surge a psicoterapia online como alternativa viável e cada vez mais procurada.

E quais são as vantagens da psicoterapia online?

  • Maior acessibilidade: elimina barreiras de distância, tempo ou mobilidade.
  • Conforto e segurança: a pessoa fala a partir de um espaço familiar, o que facilita a abertura emocional.
  • Flexibilidade de horários: permite integrar a terapia no quotidiano, mesmo em rotinas exigentes.
  • Continuidade no acompanhamento: viagens, mudanças ou imprevistos deixam de interromper o processo.
  • Redução de custos e tempo: poupa deslocações e energia, focando o essencial.
  • Privacidade e discrição: evita a exposição associada à ida a um consultório físico.
  • Eficácia comprovada: estudos científicos mostram resultados equivalentes à terapia presencial em várias condições, como ansiedade, depressão ou stress.

Apesar de todas estas vantagens, importa reconhecer uma limitação: na terapia online, terapeuta e cliente não partilham o mesmo espaço físico. Isso reduz a perceção de sinais subtis de linguagem corporal e outras dimensões de metacomunicação que enriquecem a experiência presencial. O terapeuta deve ter consciência desta diferença e ajustar a sua prática em conformidade.

Fazer psicoterapia, seja presencial ou online, é sempre um ato de coragem. É o passo consciente de enfrentar o que dói para abrir espaço ao que pode florescer. O importante não é o formato, mas o compromisso consigo mesmo.

Se sente que chegou o momento de iniciar o seu processo, considere a psicoterapia online como uma porta aberta. Pode ser o primeiro passo para transformar o sofrimento em crescimento.

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